quarta-feira, 28 de maio de 2014

Reportagem

A reportagem abaixo narra a historia de Bernard Kats. Sua historia foi num periodo de perseguiçoes aos judeus que ocorreu na segunda guerra mundial




Sem Identidade
“Até hoje, eu vejo a tropa alemã marchando e entrando na minha cidade”. Foi assim que Bernard Kats começou a narrar a sua história durante o período de perseguição aos Judeus na Segunda Guerra Mundial.  Nascido em 27 de novembro de 1936, em Hengelo, na Holanda, Kats relembra, com uma voz embargada, a cena de sua mãe recebendo uma carta da Cruz Vermelha, na qual informava a morte de seu pai em um campo de concentração nazista. "Depois de ler a carta o cabelo da minha mãe embranqueceu em um dia", afirmou.
A mãe de Kats entregou os dois filhos para uma organização protestante de proteção aos perseguidos. Foi assim que ele escapou dos horrores da guerra. Apesar disso, não foi fácil sobreviver. Ele passou por 7 diferentes endereços e teve de assumir várias identidades, tudo para esconder a sua origem.“Fui doutrinado a esquecer quem eu era. Meu nome não era mais meu nome, meu sobrenome não era mais o mesmo e minha cidade não existia mais. Passei por sete famílias diferentes”, contou emocionado.
Bernard contou que sua mãe viajou 150 km de bicicleta para reencontrá-lo, entretanto este episódio foi traumatizante. “Aquela mulher que fui ensinado que não existia, cujo nome nem lembrava, apareceu e disse que era a minha mãe”, desabafou.
Mesmo passados tantos anos, a consciência de Kats não está tranquila. “O sobrevivente tem que conviver com o sentimento de culpa. Por que eu sobrevivi, enquanto milhões ao meu redor morreram? Me lembro que pedi a Deus porque não me deixou ir com meu pai”, ressaltou. A vida para quem presenciou o conflito passa a ter outro sentido. “O sobrevivente é uma pessoa para quem o passado não existe e não consegue enfrentar os dias de hoje, porque ele lembra do passado e sempre corre atrás do futuro, procurando recuperar o que não existe mais”, destacou. Bernard chegou a Porto Alegre no ano de 1970 e vive até hoje na cidade.


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